Memórias Póstumas de Brás Cubasautor: Machado de Assis movimento: Realismo Por Fernando Marcílio Mestre em Teoria Literária pela Unicamp
Brás Cubas é um homem rico e solteiro que, depois de morto, resolve se
dedicar à tarefa de narrar sua própria vida. Dessa perspectiva, emite opiniões
sem se preocupar com o julgamento que os vivos podem fazer dele. De sua
infância, registra apenas o contato com um colega de escola, Quincas Borba, e o
comportamento de menino endiabrado, que o fazia maltratar o escravo Prudêncio e
atrapalhar os amores adúlteros de uma amiga da família, D. Eusébia. Da
juventude, resgata o envolvimento com uma prostituta de luxo, Marcela.
Depois de retornar de uma temporada de estudos na Europa, vive uma existência de moço rico, despreocupado e fútil. Conhece a filha de D. Eusébia, Eugênia, e a despreza por ser manca. Envolve-se com Virgília, uma namorada da juventude, agora casada com o político Lobo Neves. O adultério dura muitos anos e se desfaz de maneira fria. Brás ainda se aproxima de Nhã Loló, parenta de seu cunhado Cotrim, mas a morte da moça interrompe o projeto de casamento. Desse ponto até o fim da vida, Brás se dedica à carreira política, que exerce sem talento, e a ações beneficentes, que pratica sem nenhuma paixão. O balanço final, tão melancólico quanto a própria existência, arremata a narrativa de forma pessimista: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.
Contexto
Sobre o autor
Machado de Assis é considerado um dos mais importantes escritores da literatura nacional. Primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, foi também um dos fundadores. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado apresenta um estilo novo, rompendo com a tradicional narração linear e dando início ao realismo brasileiro. Os críticos da época perceberam que a narrativa apresentou elementos modernistas e de realismo mágico. Na obra, o narrador suspende seu relato para desenvolver reflexões paralelas a ele. Outras obras importantes do escritor são: “Dom Casmurro” e “Quincas Borbas”.
Importância do livro
A publicação desse romance, em 1881, é precedida pela formato em folhetim da obra, publicado na “Revista Brasileira” entre março e dezembro de 1880. Memórias Póstumas de Brás Cubas é o marco inaugural do realismo no Brasil. Como fica explícito no título, quem narra as memórias já está morto, o que estabelece um diálogo crítico com a estética realista. Noções como verdade, ciência e razão são colocadas em discussão e relativizadas por Brás Cubas. O narrador vê o mundo com ceticismo e desprezo e, dirigindo sua crítica ao gênero humano, transforma o próprio leitor em uma das vítimas das ironias do livro. Período histórico A ação do romance abarca a segunda metade do século XIX, período que corresponde ao governo de D. Pedro II. A juventude de Brás coincide com a Independência do Brasil, em 1822. Assim, sua chegada à idade adulta pode simbolizar a maturidade social brasileira.
Análise
Memórias póstumas de Brás Cubas se enquadra no gênero literário
conhecido como sátira menipéia,
no qual um morto se dirige aos vivos para criticar a sociedade humana. É
exatamente o que faz o narrador, ao contar a história de sua vida após o
próprio falecimento. A leitura do romance deve levar em conta a dupla condição
do protagonista: há o Brás vivo e o Brás morto.
O Brás vivo é personagem da narrativa e vive uma existência marcada pelas futilidades sociais, pela volubilidade sentimental e pelo desprezo que manifesta pelos outros. O Brás morto é o narrador, que é capaz de expor sem nenhum pudor os próprios defeitos. Em primeiro lugar, porque já está morto e não pode mais ser atingido pela ira de seus contemporâneos. Em segundo, porque a condição em que está lhe dá a sabedoria necessária para perceber que seu modo de agir é semelhante ao de todos os seres humanos. A sociedade é caracterizada como o espaço do jogo entre aparência e essência, onde as pessoas interpretam papéis e fingem ser o que realmente não são. A impossibilidade de conhecer as profundezas da alma não impede o narrador de reconhecer a miséria moral da humanidade. Para baixar Memórias Póstumas de Brás Cubas, clique aqui! Essa descoberta é sustentada sem problemas pelo Brás vivo, embasado na filosofia do humanitismo, que afirma que toda atitude humana, boa ou má, é justificável como um ato de preservação da espécie. O Brás morto, de sua parte, é capaz de olhar com ceticismo a própria teoria, chegando a uma conclusão que nada tem de otimista: por ele, a espécie humana termina ali, já que não deixa herdeiros da “nossa miséria”.
Personagens
- Brás Cubas: narrador e protagonista, é o “defunto autor” de sua própria biografia,
na qual avalia com ceticismo a existência humana.
- Virgília: esposa do político Lobo Neves e amante de Brás Cubas, sustenta o caso adúltero para manter as aparências do casamento. - Quincas Borba: amigo de Brás, formula a filosofia do humanitismo. - Eugênia: jovem manca de quem Brás rouba um beijo, abandonando-a em seguida. - Marcela: prostituta de luxo com quem o narrador se envolve na juventude. - Cotrim: cunhado de Brás pelo casamento com a irmã deste, Sabina, trata-se de um homem de hábitos rudes no trato com escravos. - Nhã Loló: parenta de Cotrim, é a noiva arranjada por Sabina para o irmão; o casamento não se realiza em função da morte da pretendente. - Dona Plácida: ex-empregada de Virgília, acoberta os encontros amorosos entre Brás e sua antiga ama. - Prudêncio: ex-escravo de Brás; depois de alforriado, torna-se dono de um escravo, no qual se vinga das violências recebidas na infância. Fonte:http://educacao.globo.com Memórias Póstumas de Brás Cubas Descrição: Resumo (do filme), análise, resenha e outras informações. Memórias Póstumas de Brás Cubas é um romance escrito por Machado de Assis, desenvolvido em princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880, na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado como livro, pela então Tipografia Nacional. [Resenha] - Livro: Memórias Póstumas de Brás CubasFonte: http://www.ratasdebiblioteca.com |
Escrito pelo mestre Machado de Assis, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é um marco do Realismo brasileiro. A obra serviu para revolucionar os romances do país através da sua crítica sutil, inovadora e inteligente à burguesia do século XIX.
Logo de início o livro já surpreende: nos deparamos com um defunto autor que dedica seus escritos ao primeiro verme que roeu seu cadáver. Com isso, Machado consegue ironizar as melosas e costumeiras dedicatórias presentes no movimento literário anterior: o Romantismo.
Somos guiados pelas memórias de Brás Cubas, nascido em uma família rica e, desde cedo, extremamente mimado. Personificação da classe burguesa da época, Cubas foi um homem ocioso de poucas realizações, amores vazios e grandes ressentimentos.
Por ser em primeira pessoa, Brás Cubas conduz a história como bem entende. Dessa forma, o livro não apresenta nenhuma ordem cronológica, sendo cheio de digressões, impressões pessoais e (fiquem atentos!), algumas mentiras.
Na obra, Machado deixa de lado o sentimentalismo e o moralismo superficial Romântico. Cubas conta todas as suas desventuras, seus preconceitos e mascara os seus fracassos. O aprofundamento psicológico do personagem nos permite julgar, por conta própria, o comportamento da elite brasileira e internacional. Mesmo sendo escrito em 1880, as temáticas abordadas continuam atuais.
Percebe-se que conhecer o período literário em que a obra se insere (o Realismo), o contexto histórico e o estilo machadiano é imprescindível para uma melhor compreensão da obra e da crítica inserida nela. Um leitor desavisado encontrará um livro divertido, porém com uma história um tanto quanto vazia.
"(...) Morrer, meu anjo? Que ideias são essas! Você sabe que eu morrerei também... Que digo?... Morro todos os dias, de paixão, de saudades..."
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