domingo, 22 de julho de 2018

Instrumentos Musicais das Escolas de Samba

Os instrumentos da bateria nas escolas de samba

Texto: Guilherme Bartz

Fevereiro ou março é época de Carnaval. É quando se pode ver na televisão o espetáculo grandioso no sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, cidade símbolo do samba. Os cariocas se mobilizam para, a cada ano, mostrar ao mundo um Carnaval mais impressionante que o anterior. As grandes escolas de samba ensaiam exaustivamente cada minúcia do espetáculo de maneira que, na hora final, tudo saia conforme o esperado.

Um dos setores mais importantes das escolas de samba que precisa de muito ensaio para funcionar é a bateria, o conjunto de percussão que é o verdadeiro coração da escola. A bateria de uma escola de samba funciona como uma orquestra sinfônica, com maestro e tudo. Cada instrumento tem a sua função no todo. Mas você sabe dizer quais são os instrumentos que compõem esta orquestra de mais de trezentos músicos?

A primeira categoria é a dos surdos, que se dividem em surdo de primeira, surdo de segunda e surdo de terceira. Os surdos são tambores grandes de sons graves que possuem a função de marcar o tempo no samba. Em geral, existem de 25 a 35 surdos numa bateria de escola de samba. O que os diferencia em três categorias é o tamanho, fator que define se o surdo é mais grave ou mais agudo.

O surdo de primeira, com um aro de cerca de 75 cm de diâmetro, é o mais grave dos três. É tocado no tempo fraco da marcação rítmica – no tempo dois. O surdo de segunda, um pouco mais agudo, possui um aro com cerca de 55 cm de diâmetro e é tocado no tempo forte do ritmo – no tempo um. O fato de o som mais grave ser tocado no segundo tempo, e não no primeiro, é uma característica típica do samba. O surdo de terceira, por sua vez, com 40 cm de diâmetro, é o mais agudo dos três. Ele executa um ritmo mais complexo, realizando síncopes que preenchem a marcação regular dos outros dois surdos.

A caixa de guerra, outro instrumento importantíssimo da bateria na escola de samba, é uma espécie de tambor com uma membrana superior e outra inferior, fixadas e tensionadas em aros metálicos. A caixa de guerra marca o andamento do samba e realiza também diferentes floreios rítmicos. Ela pode ser tocada com uma ou duas baquetas.

O repique, também conhecido como repinique, é um tambor pequeno com membranas em ambos os lados, tocado com uma baqueta e uma mão livre. É bastante utilizado nas paradinhas e nas viradas do samba, como sinal para o retorno dos outros instrumentos.

O chocalho, por sua vez, é um instrumento diferente dos chocalhos que geralmente recebem este nome aqueles recipientes ocos com pequenos objetos em seu interior. O chocalho da escola de samba é feito com chapinhas (chamadas também de soalhas) que são perfuradas por fileiras de hastes. Agitadas, essas soalhas produzem o som.

O tamborim, outro instrumento típico da escola de samba, constitui-se de uma membrana esticada sobre uma armação, sem caixa de ressonância. Possui 15 cm de diâmetro e 5 cm de altura. Para tocá-lo, é preciso segurá-lo com uma mão e percuti-lo com uma baqueta. É um dos instrumentos mais importantes da escola de samba, pois seu som ajuda a definir o “desenho” do samba.

A cuíca é um instrumento semelhante a um tambor, mas com uma haste de madeira presa internamente no centro da membrana de couro. Seu som é obtido com a fricção desta haste com um pedaço de tecido molhado e com a pressão do dedo na parte externa do instrumento. Os sons da cuíca são muito característicos e se assemelham a roncos, grunhidos e guinchos. A extensão total da cuíca pode chegar a duas oitavas, mas a obtenção dessas notas sempre depende da habilidade do instrumentista.

O agogô é formado por duas, três ou quatro campânulas de ferro de tamanhos diferentes, conectadas entre si. Seu som é obtido através da percussão de uma baqueta nas bocas de ferro das campânulas.

O reco-reco constitui-se de uma caixa de metal com duas ou três molas de aço esticadas sobre o tampo. Sobre elas é friccionada uma baqueta de metal, como num processo de raspagem.

O pandeiro, outro instrumento símbolo do samba, pode ser descrito como uma membrana esticada sobre um aro. Para tocá-lo, é preciso segurá-lo com uma mão e percuti-lo com os dedos ou a palma da outra mão. Fixadas ao redor do aro podem existir soalhas duplas de metal, elemento que incrementa o som do instrumento. Muitas escolas de samba não utilizam mais o pandeiro em sua formação, pois seu som não é suficientemente audível no conjunto dos instrumentos. Quando ele aparece, é com um sentido mais alegórico: os pandeiristas realizam acrobacias com este instrumento.

Por fim, o último instrumento é o prato, que pode ser descrito como um par de pratos de metal que são percutidos um contra o outro. Hoje em dia, o prato, apesar de ter um som bastante forte, também só é utilizado de maneira alegórica nas escolas de samba, pois é um instrumento que também permite diversos malabarismos.

Pode-se dizer que os surdos, em seus três tipos, representam os sons graves da bateria da escola de samba. A caixa de guerra e o repique são responsáveis pelos sons médios. Por sua vez, o chocalho, o tamborim, a cuíca, o agogô, o reco-reco, o pandeiro e o prato representam os sons agudos.



Os instrumentos presentes na bateria das escolas de samba










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